segunda-feira, março 13, 2006

FODA-SE A ARACRUZ CELULOSE

Aproximadamente 2.000 mulheres da Via Campesina ocuparam a fazenda Barba Negra, da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul, na manhã de quarta-feira, 8 de março. A fazenda Barba Negra é a principal unidade de produção de mudas de eucalipto da Aracruz, além de abrigar um laboratório de clonagem de sementes.

"Somos contra os desertos verdes, as enormes plantações de eucalipto, acácia e pinus para celulose, que cobrem milhares de hectares no Brasil e na América Latina. Só no estado do Rio Grande do Sul já são 200 mil hectares de eucalipto. Onde o deserto verde avança a biodiversidade é destruída, os solos deterioram, os rios secam, sem contar a enorme poluição gerada pelas fábricas de celulose que contaminam o ar, as águas e ameaçam a saúde humana", afirmaram as mulheres em manifesto da Via Campesina.

O ato também ocorreu em solidariedade aos índios tupinikins e guaranis que tiveram suas terras invadidas pela Aracruz Celulose.

"Jamais esperava este tipo de violência", afirmou de um hotel de luxo em São Paulo, o presidente da empresa Aracruz Celulose, Carlos Aguiar, ao jornal Zero Hora da última sexta-feira (10).

No dia 20 de janeiro deste ano, a empresa Aracruz Celulose S/A mobilizou helicópteros, bombas, armas e 120 agentes da Polícia Federal do Comando de Operações Táticas (COT), vindos de Brasília, para destruir duas aldeias e expulsar 50 pessoas dos povos Tupiniquim e Guarani de sua terra tradicional, no município de Aracruz-ES.
A ação, que resultou na prisão arbitrária de duas lideranças e deixou outras 12 pessoas feridas, teve todo o apoio logístico da empresa Aracruz Celulose S/A. Os 120 agentes da Polícia Federal receberam hospedagem e utilizaram o heliporto e os telefones da multinacional.

Durante a ação ilegal da Polícia Federal , tratores da multinacional destruíram totalmente duas aldeias Tupiniquim e Guarani. Todas as casas foram derrubadas e muitos índios não puderam retirar seus pertences de dentro delas.

No noticiário das grandes empresas de mídia, não se viu nenhuma mãe Tupiniquim ou Guarani com seus filhos chorando, nenhum ministro do governo condenando a ação ou mesmo o dono da empresa lamentando a violência.
O povo vai à frente
Avançando sobre valores que representam pilares do capitalismo, como a tecnologia e a propriedade privada, claro que a ação das mulheres camponesas contra o laboratório da Empresa Aracruz Celulose S/A seria rechaçada por diversos setores. Mas é assim que avançam as lutas populares no Brasil. O povo organizado vai à frente tomando porrada de todos os lados e respondendo às urgências do dia-a-dia, enquanto busca aqui, ali e acolá os seus aliados.
Imagine se os movimentos sociais pautassem suas agendas e ações a partir das possíveis repercussões nas grandes empresas de mídia? Demarcação de terra indígena e reforma agrária, sem retomada e ocupação de terras, não existiriam.

fonte: CMI

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