quinta-feira, maio 18, 2006


Carta Maior – Como se deu a idéia de mandar representantes do MST para acompanhar a Outra Campanha zapatista no México?

José Batista - Foi uma decisão do MST de vivenciar essa experiência, que parte do movimento zapatista, mas que é um debate com o conjunto da sociedade civil mexicana. Fomos ao México para acompanhar esse processo no inicio de abril, e vivenciamos um momento imprevisto: a adesão massiva de entidades estudantis, de pequenos partidos que não participam do pleito deste ano, grupos anarquistas, etc, acabou formando uma caravana que acompanha o Subcomandante, e nós nos juntamos a ela.

CM – Como vem se conformando a Outra Campanha do ponto de vista prático e organizativo?

JB - Marcos foi delegado pelos comandantes zapatistas para fazer este debate. Ele só. Ou seja, num primeiro momento sai Marcos, com dois acompanhantes, para fazer o recorrido em todo o território mexicano até junho, os seis meses do mais intenso debate eleitoral. Nos estados, são as organizações locais que cuidam das agendas - debates, assembléias, conversas nas universidades e reuniões menores com os “aderentes”, as lideranças dos movimentos locais, sobre a implementação da Outra Campanha. Normalmente, a metodologia é a seguinte: Marcos ouve todas as representações locais – problema de moradia, de despejo, de pessoas que estão sendo expulsas por empresas das terras comunais, etc, já que há muita resistência local que acaba se articulando através da Outra Campanha, e depois se pronuncia. Ou seja, o recorrido acabou se tornando uma espécie de consultório dos problemas.

CM – Há, nesse processo, um momento de sistematização? Quer dizer, deve haver muita informação produzida nestes eventos.

JB - Uma característica dos zapatistas é ouvir muito. As reuniões são longas, demoradas, o tempo de fala das pessoas é livre, e esses encontros demoram três, quatro horas. No final, normalmente Marcos faz uma fala, sistematizando as manifestações e trabalhando a filosofia da Outra Campanha e impulsionando a auto-organização.

Um comentário:

Anônimo disse...

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